Depois de duas gestações tranqüilas, dois bebês nascidos a termo, nunca me passou pela cabeça a idéia de que a 3° gesta poderia ser de risco.
Por volta da 17° semana descobri que tinha placenta baixa, que deveria repousar e com um pouco de sorte o crescimento uterino faria a placenta subir um pouco.
Mas aconteceu o inverso, o crescimento do útero fez a placenta descer ainda mais e cobrir o colo, tornando a gestação de alto risco, se antes a recomendação já era de repouso, evitar pegar peso, fazer esforço, agora a recomendação era repouso absoluto, levantar apenas para o estritamente necessário, ou seja ir ao banheiro.
Ainda assim na 35° semana tive descolamento prematuro de placenta, fui submetida a uma cesárea de emergência e nasceu meu pequeno príncipe, branco feito um fantasma por conta da anêmia causada pela hemorragia que sofri horas antes de seu nascimento.
Com desconforto respiratório, foi levado direto para a uti, onde só nos reencontramos 10:00 hs depois, e lá estava meu sonho materializado,sonhei tanto com esse menino, imaginei como seria seu rostinho sonhava com seu cheirinho, o que nunca imaginei foi que o veria daquele jeito, dentro de uma encubadora, entubado, com um pic, sonda orogástrica e sedado.
Aquilo me doeu, me culpei, orei, em silêncio pedia perdão por não tê-lo conseguido segurar por mais três semanas, afinal chegamos tão perto.
Segundo a médica plantonista da uti neo, as próximas horas seriam decisivas na vida dele.
E para nosso desespero como pais, ele piorava.
Só me restou me apegar a Deus, da minha parte não havia mais o que fazer e a medida que o tempo passava também esgotavam os recursos que os médicos poderiam utilizar.
Minha parte como mãe foi feita, fiz pré-natal direitinho, chamei um médico de minha confiança para fazer o parto, numa excelente maternidade.
Nas primeiras 48 horas ele apresentou:
anêmia
pneumonia
hemorragia cerebral
convulsão
choque séptico
Enquanto isso eu orava muito e pedia um milagre;
Minha fé foi tão grande alcancei.
Passei a viver dentro daquela uti, chegava com o dia clareando e saía por volta de 20:30 e 21:00.
Porque queria estar perto quando surgisse qualquer novidade.
Ao completar 07 dias ele foi extubado, ficou dois dias no cpap e nos dois dias que se seguiram foram diminuindo gradativamente o fluxo do vaporjet.
25/01/09 onze dias após o nascimento, depois de ficar 04 horinhas no colinho do papai, que se realizava segurando o filhotinho pela 1° vez, foram apenas notícias maravilhosas, vestiu roupinha pela 1° vez, pude amamentá-lo pela 1° vez, saiu da encubdora para o bercinho de acrílico.
Na semana que seguiu as notícias eram sempre foram sempre animadoras, até que na quinta-feira 29/01/09 saí daquele lugar levando meu bebê.
Sentia uma felicidade indescritível, mas também uma tristeza por não poder tirar dalí aquelas outras mães, principalmente a Valéria (mãe do Guilerme), com quem eu tinha mais afinidade e o dr. Evandro dizia que nossos filhos Ryan e Guilherme são irmãozinhos do céu.
O que aprendi sendo uma mãe de uti:1° valorizar a vida
2° que a fé supera tudo
3° o valor de cada membro da minha família
4° a união e o apoio de cada membro vale mais que qualquer fortuna, juntos somos invensíveis
5° não posso ter tudo sob controle